“Problema do mundo africano é olhar para quem tem armas como autoridade”
Depois de uma fase de confrontos armados, foi assinado um acordo de paz em setembro de 2014 e houve um abrandamento das hostilidades. Porém, nos últimos meses e semanas, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) voltaram a confrontar-se.
A DW África perguntou a Daviz Simango, líder do MDM, se o terceiro maior partido do país se sente “esmagado” entre as duas forças e se se vê como alternativa ao conflito quase eterno entre a FRELIMO e a RENAMO.
O edil da Beira também não descarta a hipótese de concorrer pela terceira vez à presidência de Moçambique, se o partido achar que “Simango é o candidato mais seguro”.
DW África: Actualmente vive-se outra vez um clima de grande tensão entre o partido no poder, a FRELIMO, e o principal partido da oposição, a RENAMO. Sente-se um pouco “esmagado” entre estas duas forças que se opõem, por vezes até com recurso à violência?
Daviz Simango (DS): O problema do mundo africano é que olha para quem tem armas como autoridade. Olha para quem tem armas como entidade que é capaz. E nós, infelizmente, vivemos isso nas eleições passadas, quando a população votou por medo, porque queria estar segura que, caso um deles ganhasse, se mantinha o poder. O nosso partido, o Movimento Democrático de Moçambique, não tem armas. Então, a população colocou o MDM em terceiro plano. Mas nós estamos conscientes de que é uma luta e precisamos continuar porque conseguimos quebrar a bipolarização, que era um processo longo.
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